Karen Gillan Brasil - Fanfics: Partition (One-Shot)




"I sense there's something in the wind
(Eu sinto que há algo no vento)

That feels like tragedy's at hand
(Que se sente como a tragédia está à mão)
And though I'd like to stand by him"
(E embora eu gostaria de ficar ao lado dele)




Havíamos acabado de sair de mais um evento comic-con, fazer aqueles painéis eram um modo de esquecer qualquer problema que houvesse na cabeça antes de dar passos sobre a estrutura de madeira dos palcos cheios de telões, fios, caixas de som e microfone.
Eu andava em direção ao carro aonde me levaria, junto com ele, à um hotel próximo para descansarmos em um mesmo quarto. Claro que de início a decisão de ficarmos no mesmo cômodo foi minha por acreditar que nossa amizade era grande o bastante para não se preocupar com este pequeno detalhe, mas foi se mostrando um problema com o decorrer daquela única semana, devido aos meus sentimentos e deslizes.
"Karen, está tudo bem?" ele perguntou, vendo que eu não dava a devida atenção a conversa entre ele, o motorista e um assessor amigo de ambos. Não olhar os olhos de Matthew era uma das melhores coisas que estava praticando, ao me concentrar nas luzes que passavam como riscos diante da janela traseira do veículo.
"Ah, sim. Só... estou pensando." respondi suave reparando em suas mãos rapidamente mas voltando a encarar a janela. Era notável que ele tinha sentido um sentimento como "mentira" em relação à minha resposta mas, fazer o que? Ele nunca vai entender o fato de gostar de seu melhor amigo, querer, por mais clichê que soe, mais que a amizade.

"Can't shake this feeling that I have
(Não posso negar esse meu sentimento)
The worst is just around the bend"
(De que o pior está a caminho)

Estacionaram o carro e logo desci, não queria ser incomodada e só pensava em como dormir seria algo bom de se fazer. Senti que Smith desceu também rápido e veio no mesmo ritmo até mim, segurando meu pulso, me puxando em sua direção para parar e, provavelmente, escutá-lo.
"Kazza..."
"Agora não." falei e inverti nossas posições, eu que o puxava agora. Tratei de abrir a porta o mais rápido possível, entrando e ele também, fechei a mesma e caminhei até a cama de casal que se encontrava no meio do quarto, desabando sobre ela, fechando meus olhos. Senti alguns barulhos de abre gavetas e logo, um peso ao meu lado, me puxando para deitar sobre seu colo, enquanto permanecia sentado, encostado na cabeceira.
"Será que era tão difícil ele notar que o problema é ele?" me perguntei, internamente, desejando conseguir cumprir a tarefa de reter as lágrimas.
"Karen, está tudo bem?" Matt questionou pausadamente com um leve tom preocupado, abri meus olhos e o olhei. Aquele vinculo se formando em sua testa, seus olhos esverdeados brilhando de modo que se minha mãe visse, falaria que estaria sentindo febre.

"And does he notice my feelings for him?
(E ele percebe meus sentimentos por ele?)
And will he see how much he means to me?
(E ele verá o quanto significa pra mim?)
I think it's not to be"
(Eu acho que não é para ser)

"Não." falei sem pensar duas vezes.
"Por que?"
"Sentimentos."
"Ruins?"
"Não."
"Então, são bons?"
"Depende."
"Por que?"
"Não te interessa, Robert Smith."
"Me interessa quando quem eu me importo está mal por isso."

"What will become of my dear friend?

(O que será do meu querido amigo?)
Where will his actions lead us then?"

(Para onde suas ações irão nos levar?)

Por mais infeliz que o próximo ato ficasse marcado em minha mente, não me arrependi.
Não me importei, me levantando e gritando "dane-se" ,em alto bom som, na minha cabeça, puxando Matt e encaixando nossos lábios sem nenhuma demora, os lábios que eu tanto desejava finalmente sendo possuídos por mim mesma. Um sonho. 
Ele permanecia estático diante de meu movimento, mas não recuava, apenas decidiu pousar suas mãos em torno de minha cintura com a maior delicadeza do mundo e retribuir. Porém, nos separamos após sentir a necessidade de inalar mais oxigênio, encostando nossas testas.
"My dearest friend, if you don't mind
I'd like to join you by your side
Where we can gaze into the stars" 
(Minha querida amiga, se você não se importa
eu gostaria de acompanhá-la ao seu lado
Onde nós podemos olhar para as estrelas)
Ele cantou, citando a parte de Jack Skellington em O Estranho Mundo de Jack, mas o sentimento de aquilo ser algo errado de qualquer jeito não me abandonava... e de algum jeito, Matt notou o que se passava ao olhar meus olhos.
"Pensei que gostava de aventuras, Gillan e de citações de filmes da Disney."
"Cala a boca, idiota."
"Eu sei que não vai dar certo. Mas por hoje."
Encarei seu rosto intensamente e concordei.
Dias depois, isso quer dizer hoje, sinto finalmente o pesar daquela proposta, pois as lembranças horas voltam, me fazendo sentir saudades e uma pontada de "Eu te avisei", vinda de meu próprio cérebro, constantemente.
"And will we ever end up together?

No, I think not, it's never to become
For I am not the one."

(E nós iremos acabar juntos?
Não, eu acho que não, isso nunca vai acontecer
Porque eu não sou a escolhida)


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Músicas
- Sally's Song - Danny Elfman 
(O Estranho Mundo de Jack)
- Finale - Danny Elfman (O Estranho Mundo de Jack)